sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Página em branco

É difícil, mas eu preciso acreditar, aceitar.
A vontade de sair só não é maior que a vontade de encarar.
Estou com medo, estou com muito medo.
Medo da minha reação, mas me parece impossível
continuar vivendo com essas dúvidas.
Eu já não durmo mais e não me alimento como deveria.
Para completar ainda tenho que encarar um tal de futuro
que virá bater na minha porta perguntando da maneira
mais direta possível se eu estou pronta, ou se decidi
ficar parada no tempo...
O que vou responder?
Sei que ele não vai esperar o sangue que escorre
dos meus pulsos parar de jorrar.
E eu não posso e não quero exigir que ele me leve
nesse estado deprimente, escondido por alguns risos
que já não enganam ninguém.
Chegou a hora de decidir o que vai ser.
Pode não parecer, mas esse texto fala de amor.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Momentos

Olhei para o lado e vi minha mochila.
Minha parceira... 'Como não pensei antes?'
Peguei o necessário para .. sei lá quanto tempo.
Passei em alguns lugares que marcaram
a minha vida. Nada de chorar, não estava abandonando
nada, apenas aceitando um convite pra algo ainda
não muito definido.

A estrada.. Nunca pareceu ser tão infinita.
Liguei o som pra quebrar um pouco o leve barulho
do motor e dos pneus no asfalto.
Claro que a primeira música era 'Mercedes Benz'.
Acompanhei humildemente a Janis Joplin.
Estrada, uma boa música,
um destino incerto, um momento perfeito!
Se vai ser sempre assim eu não sei.
Mas sempre sonhei morrer ouvindo Joplin.

Insônia

Uma madrugada em claro.
Decidindo a minha vida em algumas poucas horas.
Não conseguia pensar em algo concreto.
Não conseguia aceitar a ideia de que
estava realmente imaginando uma maneira de fugir.
Eu não tenho esse costume.
Mas as coisas mudam, sempre mudam.

O sol já estava nascendo e eu ainda não tinha nada em mente.
Preciso tomar uma atitude antes que alguém acorde.
Antes que o calor do dia apague a minha dor.

sábado, 18 de setembro de 2010

Olhe bem

O mar no céu e o céu em qualquer outro lugar.
Estou vestida de branco.
Não vejo pessoas conhecidas,
mas não vejo o desconhecido.

''Olhe bem.''

Ouço gritos, ouço muitos gritos.
Tento correr e começo a flutuar.

''Olhe bem.''

Um garoto agoniza no chão, pergunto
o que ele está sentindo e ..

''Olhe bem, ele não pode te ouvir.''

Ele não pode me ouvir, e grita cada vez mais alto.

''Olhe bem, você sabe..''

Passei a mão em seus cabelos,
até que ele pegou no sono, no fundo,
eu sabia que funcionaria..
O garoto agora sumia lentamente.

O chão era coberto por fumaça.
Um rapaz ao longe, sentado em uma pedra,
tocava violão. Era um som familiar..

''Você gosta dessa..'' - dizia ele sorrindo.

Mas não conseguia ver seu rosto perfeitamente,
nem era preciso, a música ocupava minha mente.
Os olhos solicitavam uma aproximação..
Minha cabeça girava conforme eu me aproximava,
cada vez mais, mais e mais..
Ele continuava sorrindo, mesmo vendo minha expressão de dor.

-Tá doendo ...

''Reclamando como sempre..''

Colocou o violão de lado, parou de sorrir e massageou minha cabeça.
Melhorou bastante, sentia agora uma paz enorme..
A presença dele não me causava mais dores, e eu podia
agora, terminar de ouvir a música..

''Pena que você não vai se lembrar de nada quando acordar..''

-Eu nunca lembro né?!

''Não, mas não é sua culpa.. Na hora certa você vai lembrar..''

-E o que vai acontecer ?

Ele sorria e tocava novamente.

''Um dia, um dia estaremos aqui de novo, você vendo perfeitamente o
meu rosto e eu, perfeitamente a sua alma.''

sábado, 4 de setembro de 2010

O meu passado tão presente.
As pessoas perguntam o que quero
e eu não tenho uma resposta ..
Eu não tenho uma resposta pra mim.
Não posso correr para um lugar distante,
pisar na terra, deitar na grama para contar
as estrelas, sem pressa, sem horário.
Um abraço sempre faz a diferença,
mas só encontro o chão frio,
cercada por quatro paredes sufocantes,
a lua triste e tímida na janela, com vergonha
e pena de mim.
Amanheceu e eu nem percebi..
Anoiteceu e eu nem percebi..
Amanheceu e eu nem percebi..
Anoiteceu e eu nem percebi.
A minha vida passou,
e eu ainda não sei o que esperava dela.
Minhas ideias fogem, temem o papel em branco..
será que estou ficando ''quadrada''?
Talvez esteja apenas me acostumando com o
Mundo mudo de todo mundo ..
Eu volto a guardar minhas ideias,
volto a ser a criança observadora,
com a experiência da mulher
que ainda não sou.
Aquela vontade de sair correndo não existe mais.
Quero caminhar, ou apenas parar para
ouvir uma boa música.
Não sonho mais como antigamente,
para não ter que chorar mais como ontem.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Arquivado

O que ficará?
O que fiz, o que pensei ter feito,
o que farei ou o que penso em fazer?

Olho em volta.
Crianças brincando de pega
ou fugindo dele ?
As armas são de brinquedo,
ou apenas brincam com
a pequena idade de quem às tomam?

Quem ajuda, quer ajuda?
Quem anda, quer correr?
Quem vê, pode relatar?
Da queima de arquivos
não vamos falar,
apenas arquivar.